A verdade sobre o endividamento no Brasil:
O Cenário Atual e Como Sair do Vermelho
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Yuri Assis
11/24/20254 min read


Raio-X do Endividamento no Brasil:
O Cenário Atual e Como Sair do Vermelho
Você sente que boa parte do seu salário já tem destino certo antes mesmo de cair na conta? Se a resposta for sim, saiba que você não está sozinho. O endividamento é uma realidade massiva no Brasil, afetando milhões de famílias e moldando o comportamento de consumo no país.
Mas, ao contrário do que o senso comum prega, estar endividado não é apenas sinônimo de descontrole financeiro. É um fenômeno complexo que envolve inflação, juros altos e acesso ao crédito.
Neste artigo, vamos mergulhar no perfil do endividado brasileiro, entender os principais vilões do orçamento e, o mais importante, traçar caminhos para retomar a saúde financeira.
O Que Dizem os Números?
Para entender o problema, precisamos primeiro olhar para os dados. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), apurada mensalmente pela CNC, o percentual de famílias brasileiras com dívidas (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal e prestação de carro e de casa) mantém-se em patamares historicamente elevados, frequentemente rondando a casa dos 78%.
É crucial fazer uma distinção importante aqui:
Endividado: Quem tem parcelas a vencer (compras parceladas, financiamentos). Isso não é necessariamente ruim, se couber no orçamento.
Inadimplente: Quem tem contas em atraso. Esse é o sinal de alerta vermelho.
Atualmente, cerca de 29% das famílias possuem contas em atraso, e uma parcela significativa afirma não ter condições de pagar essas dívidas no próximo mês, permanecendo na inadimplência.
Quem é o Brasileiro Endividado?
O endividamento no Brasil é democrático, atingindo todas as classes sociais, mas possui nuances importantes:
Faixa de Renda: O impacto é muito mais severo nas famílias com renda de até 10 salários mínimos. Para esse grupo, a dívida muitas vezes não é feita para comprar luxos, mas para garantir a subsistência (alimentação e contas básicas).
Gênero: As mulheres, muitas vezes chefes de família monoparentais, tendem a apresentar índices de endividamento ligeiramente superiores, refletindo a dupla jornada e a gestão do orçamento doméstico apertado.
Faixa Etária: Jovens adultos (abaixo de 35 anos) estão entre os mais afetados, muitas vezes devido à falta de educação financeira no início da vida econômica ativa.
O Grande Vilão: O Cartão de Crédito
Não há como falar de dívida no Brasil sem falar dele. O cartão de crédito é, disparado, o principal tipo de dívida do brasileiro, citado por quase 87% dos endividados.
Por que o cartão é tão perigoso?
Facilidade de acesso: É o crédito mais fácil de conseguir e de usar.
Juros Rotativos: Quando a fatura não é paga integralmente, os juros cobrados são os mais altos do mercado (frequentemente ultrapassando 400% ao ano).
Parcelamento sem juros: Cria uma falsa sensação de poder de compra, comprometendo a renda futura com "pequenas parcelas" que se somam.
Outros tipos de dívidas comuns incluem os carnês de lojas (muito fortes no varejo popular) e o financiamento de veículos.
As Causas: Por Que Estamos Tão Endividados?
O perfil de endividamento brasileiro é fruto de uma "tempestade perfeita" de fatores macroeconômicos e comportamentais:
1. A Economia
Inflação: O aumento dos preços dos alimentos e serviços básicos corrói o poder de compra. As pessoas usam o crédito para manter o padrão de vida ou para sobreviver.
Taxa Selic Elevada: Com a taxa básica de juros alta, qualquer empréstimo ou dívida fica mais caro, dificultando o pagamento.
2. O Comportamento
Falta de Educação Financeira: O Brasil ainda engatinha no ensino de finanças pessoais nas escolas. Muitos adultos não sabem calcular juros compostos ou montar um fluxo de caixa.
Imediatismo: A cultura do consumo imediato, impulsionada pelas redes sociais, incentiva o gasto por impulso.
Luz no Fim do Túnel: Como Sair Dessa?
Se você se identificou com o perfil de inadimplência, saiba que existem saídas.
Programas governamentais recentes, como o Desenrola Brasil, e feirões de negociação do Serasa mostraram que há uma grande vontade do brasileiro em limpar o nome.
Aqui estão passos práticos para começar hoje:
Mapeie tudo: Coloque no papel (use o Tutu) o valor exato de todas as dívidas. O medo de olhar o extrato é o maior inimigo.
Priorize os Juros Altos: Pague primeiro o cartão de crédito e o cheque especial. Se possível, troque essas dívidas por um empréstimo consignado, que tem juros muito menores.
Negocie: Credores querem receber. Muitas vezes, é possível conseguir descontos de até 90% no valor da dívida à vista em feirões de renegociação.
Corte Temporário: É preciso estancar a sangria. Suspenda novos gastos parcelados até que as dívidas antigas sejam quitadas.
Conclusão
O endividamento no Brasil é um reflexo de nossa estrutura econômica e social. Porém, entender o seu próprio perfil de dívida é o primeiro passo para retomar a liberdade. O crédito deve ser uma ferramenta para realizar sonhos (como a casa própria ou um negócio), e não uma âncora que impede o seu progresso.
Comece hoje a sua organização financeira. O seu "eu do futuro" vai agradecer.
